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ANP estuda liberar postos para comprar gasolina direto na refinaria
A ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás e Biocombustíveis) abriu
processo para estudar mudanças no marco legal da distribuição de combustíveis
no país. Em nota, a agência diz que o objetivo é ampliar a competição no setor,
com a retirada de barreiras regulatórias.Entre as medidas em estudo, está a permissão de que postos de gasolina comprem
combustíveis direto nas refinarias ou com importadores, sem a intermediação de
distribuidoras, hoje obrigatória. Por outro lado, permite que as distribuidoras
tenham seus próprios postos, eliminando as restrições atuais à verticalização.Segundo a ANP, a reavaliação desses temas é fruto de trabalho conjunto com o
Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) iniciado após a paralisação
dos caminhoneiros que parou o país por duas semanas em maio.A ANP não fez uma proposta específica com relação à revisão das regras,
limitando-se a abrir uma tomada pública de contribuições, no qual interessados
poderão apresentar propostas sobre determinados temas até o dia 20 de outubro.“Acredita-se que as medidas a serem implementadas após a TPC (tomada pública de
contribuições) aumentem a competição pela retirada de barreiras regulatórias e
pelo fim de nichos de mercado artificiais, com a promoção da inovação na
economia brasileira”, disse a agência, em nota.O setor de distribuição de combustíveis é hoje concentrado nas mãos de três
grandes empresas – BR Distribuidora, Ipiranga e Cosan, que opera com a marca
Shell, responsáveis por cerca de dois terços das vendas de combustíveis no
país. As operações do setor passaram a receber forte questionamento com a
escalada dos preços dos combustíveis desde que a Petrobras passou a acompanhar
as cotações internacionais mais de perto. Em fevereiro, o então ministro-chefe da Casa Civil (hoje ministro de
Minas e Energia) Moreira Franco, anunciou publicamente pedido ao Cade para
investigar o segmento. A intermediação obrigatória pelas distribuidoras está sendo questionada
também nas vendas de etanol: em agosto, a ANP abriu audiência pública para
analisar a venda direta do combustível pelas destilarias aos postos, assunto
que é tema de debates também no Congresso.Em uma análise inicial, porém, especialistas ouvidos pela Folha avaliam que a venda
direta de gasolina aos postos enfrentaria obstáculos, uma vez que a estrutura
para abastecer caminhões-pipa é das distribuidoras. Pelo contrário, dizem, a permissão para verticalização do setor poderia
fortalecer as distribuidoras. Procurada, a associação que reúne as empresas do
setor não se manifestou.No período da TPC, a agência estudará também mudanças na relação entre
distribuidoras e revendedores, como a possibilidade de que postos comprem
gasolina comum de qualquer fornecedor, mantendo fidelidade à marca apenas na
gasolina aditivada.Após a conclusão da tomada de contribuições, a ANP decidirá se propõe mudanças
efetivas, que serão levadas à consulta pública para avaliação do mercado antes
de redação final.No primeiro processo desses após a greve dos caminhoneiros, em que discutiu a
periodicidade dos reajustes da gasolina, a agência concluiu que não havia
necessidade de impor prazos.
Fonte: Folha de S.Paulo