Publicado em: 16/09/2025
Ainda que pareça uma prática usual entre as empresas de transportes, a digitalização da frota e todos os demais processos logísticos, ainda é uma novidade para um grande número de transportadoras rodoviárias de cargas.
Um estudo da Totvs, desenvolvedora de softwares de gestão empresarial, realizado dois anos atrás com o objetivo de mensurar o nível de digitalização do setor e o ganho de performance obtido, confirmou a afirmação. Depois de ouvir 740 empresas com faturamento superior a 5 milhões de reais, divididas entre prestadoras de serviço e embarcadoras de cargas, o levantamento apurou que as primeiras alcançaram um indicador de 0,55 (em uma escala de 0 a 1), enquanto os contratantes de fretes somaram 0,35 nos dois quesitos.
Isso mostra que ainda há um longo caminho a percorrer e bastante espaço para as empresas adquirirem e usarem sistemas que resolvam seus processos específicos, comenta Angela Gheller, diretora de Desenvolvimento de Soluções de Logística e Manufatura na Totvs.
Na visão da especialista, essa baixa adesão passa por alguns pontos. Primeiro, a questão cultural. “No Brasil, muitas transportadoras surgiram de caminhoneiros que foram crescendo e formaram suas frotas. Até antes da pandemia, o foco dessas empresas menores não era investir em tecnologia além do básico fiscal”. Durante a pandemia houve um movimento de consolidação, com grandes transportadoras comprando outras, o que, segundo a especialista, está aos poucos mudando essa cultura.
Outro ponto que explica o baixo interesse pela digitalização reside na falsa ideia do alto custo da tecnologia, que era uma verdade até uns anos atrás. “Porém, os fornecedores de software evoluíram para simplificar soluções e se ajustar a empresas de todos os tamanhos. O advento da nuvem também foi crucial, pois eliminou a necessidade de grande investimento em infraestrutura”, comenta a diretora.
Por último, Angela não se esquece do fator humano. “O amadurecimento interno e o acompanhamento são essenciais. As pessoas são um pilar fundamental nessa transição. É preciso treinamento e retenção de conhecimento, pois a rotatividade de funcionários pode impactar a maturidade digital conquistada”.
Sistema unificado
Entre as inúmeras vantagens do processo, Gheller lembra que os sistemas digitalizados podem abrigar todas as informações associada à operação de transporte. Isso inclui o controle total da frota, desde o movimento interno nas indústrias (que também possuem frota própria e movimentação de material) até o monitoramento dos veículos em trânsito, bem como dos custos do transporte.
Dessa forma, tudo que acontece fica registrado em um sistema onde os dados possam ser armazenados e posteriormente trabalhados. O maior ganho da digitalização para uma empresa, especificamente no controle de frota, é saber em tempo real o que está acontecendo e poder trabalhar na gestão de custos. Um item crucial quando falamos de frete.
“Com a digitalização, é possível conseguir uma redução significativa nos custos mais impactantes da frota, como combustível, desgaste de veículo e pneus. Além disso, há a vantagem de ter segurança desses dados para basear decisões estratégicas”, observa a representante da Totvs, que também aposta na ajuda da IA para agilizar ainda mais os processos de gestão (ver quadro).
Ajuda da IA
Para Angela Gheller, estamos entrando em um novo estágio da logística e o uso massivo de IA vai mudar muita coisa. Nas empresas de tecnologia voltadas para o setor de transporte a estratégia de IA se divide em duas frentes: generativa (para perguntas e respostas) e preditiva (para resolver problemas específicos com base em dados históricos). Essa segunda demanda mais maturidade, pois precisa de muitos dados, daí vem a importância do uso da nuvem e a digitalização completa.
“Para nós, da tecnologia, a visão é futurista, mas isso se tornará o dia a dia das empresas”. Entre outros avanços que a IA pode contribuir ela cita o controle financeiro, onde agentes poderiam automatizar a conciliação de boletos e pagamentos, eliminando a necessidade de input manual e ações repetitivas no sistema, para ficar só em um exemplo.
Fonte: Frota&Cia
