Publicado em: 22/03/2023
O Comitê de
Política Monetária (Copom) começou uma reunião na terça (21) e deve definir
nesta quarta (22) a taxa básica de juros, a Selic. O encontro ocorre em meio a pressões do presidente Lula pela redução dos juros na
economia brasileira,
que hoje é de 13,75% ao ano – a maior do mundo, descontada a inflação.
A alta do
juros é motivo de paralisação nas principais montadoras do país. Também foi
definida pelo ganhador do Nobel de Economia Joseph Stiglitz como uma "pena de morte" a qual
o Brasil vem sobrevivendo.
Em entrevista a Natuza Nery, o consultor da FGV Robson Gonçalves
analisa a fala do economista norte-americano.
"A taxa
de juros pode ser entendida como um remédio contra a inflação", explica
Gonçalves. "Mas ela é um remédio contra um tipo de inflação, portanto uma
manifestação dessa doença econômica que é a inflação de demanda. Como todo
remédio, a taxa de juros tem seus efeitos colaterais no curto prazo: ela freia
o crescimento econômico e reduz a demanda por bens e serviços."
A inflação
mundial, detalha o economista, é puxada pelo preço das commodities por causa
das incertezas causadas pela guerra na Ucrânia.
"Nessa
condição, a taxa de juros se torna um medicamento muito ineficaz: a gente só
fica com o efeito colateral. É como se o paciente estivesse morrendo sem ter o
benefício da cura simplesmente porque o remédio é inadequado para o tipo de
doença que a economia está enfrentando."
Enquanto, no
Brasil, a taxa de juros permanece o dobro da inflação, países como os Estados Unidos oscilam em uma faixa de 4,5% a 4,75% ao
ano, abaixo da inflação.
No episódio #925 do podcast O Assunto, o economista aposta em uma
divergência na decisão sobre a taxa de juros brasileira, mas concorda com a
análise de Stiglitz e destaca que a redução é importante para auxiliar os 62,5 milhões de brasileiros abaixo da linha da
pobreza.
"A
manutenção de uma taxa de juros muito elevada é mortal no sentido de que ela
contém o crescimento econômico e diminui a geração de empregos...Para tirar as
pessoas da linha da pobreza, é preciso empregá-las antes de mais nada."
Fonte: g1/ Foto: Getty Images
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